quinta-feira, 29 de outubro de 2009

CURIOSIDADES LINGUÍSTICAS


“Em Maceió, "passaporte" é sinônimo de cachorro-quente incrementado. Tudo graças ao salsicheiro gaúcho Milton Braun, que há 36 anos mudou-se para a cidade. Hoje, a lanchonete conta com cerca de vinte diferentes tipos que já nem dependem tanto assim da salsicha.”
(http://vejabrasil.abril.com.br/maceio/comidinhas/37022/passaporte-gaucho/)

Pois é, como diz no trecho da matéria acima, em Maceió não se pede cachorro-quente, mas passaporte – o que em si já é uma curiosidade linguística. O gaúcho citado inclusive, Milton Braun, é pai da Cris Braun, minha amiga e cantora de renome nacional. Há duas participações dela no nosso álbum Pau-Brasil, nas faixas 07 – Siga lá, cantando os refrões, e 11 – Abaporu self serve-se, fazendo um metal de boca. Bom, mas a curiosidade linguística principal que venho expor é a que ocorreu ontem comigo. Fui a uma lanchonete, que não era a do gaúcho Braun, mas que leva o nome de Passaporte do Tchê, e pedi dois passaportes. A especialidade de lá são os passaportes, mas eles fazem outros tipos de sanduíche também. Olhei no cardápio e pedi um passaporte de frango e um passaporte misto - que seria frango mais carne moída mistos no mesmo sanduba. Pedi: “Me dê um de frango e um misto, pra viagem.” Fiquei conversando com dois amigos, que estavam lá lanchando, enquanto ele aprontava meus passaportes. Quando ficaram prontos peguei os sandubas embalados pra viagem, nem olhei, paguei e fui embora. Ao chegar em casa me deparo com um passaporte de frango e um misto, não um passaporte misto, famoso em Maceió, mas um sanduíche misto, nacionalmente conhecido, pão + presunto + queijo. Não deu pra saciar a fome fisiológica, mas aguçou a curiosidade linguística. Na próxima, pedirei um misto sem elipse: “Me dá um PASSAPORTE misto!”

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

MY SPACE


Pra rapazeada antenada que curte o nosso trampo! Tá no ar o nosso MySpace de cara nova, com a cara do trampo atual, moderno e modernista! www.myspace.com/vitorpirralho
Confere. Valeu!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

TUDO POR DINHEIRO


Futebol, política e religião não se discutem? Pode ser que a preferência individual não se discuta, mas com certeza tais assuntos discutem entre si.
Bons tempos aqueles em que os jogadores vestiam a camisa do time, não só vestir no sentido de se uniformizar, mas de defender a causa, a história, a glória do seu time. Seu time. Pois os jogadores nasciam, apareciam e se destacavam, e se aposentavam com o escudo do mesmo time no peito. Naquele tempo o ato de beijar o escudo fazia muito sentido, hoje não mais. Em uma temporada o jogador torna-se ídolo de um clube, na outra está beijando a camisa do time rival. Quem dá mais, quem dá mais? É um leilão de atletas. Por que tudo isso? Porque há uma política em torno dos esportes. Causas trabalhistas, secretarias, ministérios, cláusulas, verbas desviadas em lances estranhos que são guardadas na gaveta. Golaço! E o povo? Ah, o povo fica ao deus dará. Depois de pagar promessa, desembolsa o dinheiro que ganhou suando a camisa para pagar o ingresso e ver o seu time perder de forma estranha. Numa combinação milagrosa de resultados o outro time se classifica. E as entrevistas? “Graças a deus...”, “deus nos abençoou...”, sinal da cruz aqui e acolá. Por que deus não ajudou meu time? Deve ser porque ele é torcedor do time adversário, ou de repente aceitou propina. Pelo amor de deus...? Faça uma fezinha porque nada é por amor, é tudo por dinheiro.

MASTIGANDO SONORIDADE

Matéria publicada no blog do Jornal do Brasil (RJ) na página da jornalista Heloisa Tolipan. Para ver matérias sobre outras bandas do nordeste, lá postadas também, acesse: http://www.jblog.com.br/heloisatolipan.php?blogid=107&archive=2009-10


Antropofagia é a palavra de ordem para Vitor Pirralho, o rapper cabeça que encabeça a banda alagoana Vitor Pirralho e U.N.I.D.A.D.E. Por quê? Basta prestar atenção à sigla que compõe o nome do grupo: “União Não Influenciada Demagogicamente Antropofagia Determina o Estilo”. Não entendeu? O Vitor explica: “Sou professor de literatura e um dos textos mais interessantes que li foi o Manifesto antropofágico, de Oswald de Andrade. Temos de nos desprender das demagogias estilísticas e fazer proveito do canibalismo cultural. A arte é legado universal e, a partir do momento em que alguém expõe a produção, não é mais propriedade particular. Fica à disposição da humanidade”, diz, acrescentando: ”Não se trata de copiar, mas de apropriar-se da cultura alheia para somar a sua própria. E com tantas referências boas, a gente ainda se depara com músicas feitas apenas com fins mercadológicos. Ser reconhecido nacionalmente todo mundo quer. Eu quero. Mas se for para me travestir sem critério, fingir ser quem não sou, é melhor virar ator de novela“. A coluna chegou a Vitor por indicação de Pedro Luís, da PLAP, que ouviu o som dos rapazes em uma viagem ao Nordeste. Os dois músicos não se conhecem pessoalmente, mas... ”E aí, Pedro, vamos fazer um som aqui em Maceió?“, propõe Vitor. Convite feito. Sabe outro padrinho de Pirralho? Ney Matogrosso, que se fascinou pelas ideias antropofágicas dos meninos, que acabaram de lançar o segundo CD, Pau-Brasil – disponível para download no site www.vitorpi.com.br –, feito com recursos da Funarte e do MinC, pelo Projeto Pixinguinha.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CURIOSIDADES LINGUÍSTICAS


Mais uma curiosidade linguística pela nossa cidade. Na praça do pirulito, centro de Maceió, há vários estabelecimentos que trabalham com motos e bicicletas. Há uma loja lá cujo nome é SOB RODAS. É onde geralmente faço a manutenção da minha motocicleta, bom atendimento dos caras. Só espero não precisar qualquer dia desses fazer a minha manutenção, pois eu quero estar sempre SOBRE as rodas, jamais SOB elas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

CURIOSIDADES LINGUÍSTICAS


Fui utilizar o banheiro, ou o TOILET, de um posto de gasolina no bairro do farol, na cidade de Maceió, e me deparo com essa plaquinha na porta. Automaticamente eu imaginei: TO LET, em inglês é o verbo deixar; TOLETE, em português nordestino é aquele amigo íntimo do cidadão, sabe né? Então fiquei com essa construção interlinguística em minha cabeça: ir ao toilet to let o tolete... Já pensou? Não era o meu caso naquele momento. (rsrs)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

AQUARELA HIP HOP


Eis o link para ler a matéria lida também por Ney Matogrosso:
http://gazetaweb.globo.com/v2/gazetadealagoas/texto_completo.php?cod=154125&ass=8&data=2009-10-10

sábado, 10 de outubro de 2009

INFORMAÇÃO IMPRESSA

Viva à boa informação veiculada pela imprensa! Por causa de uma matéria publicada hoje, a respeito do lançamento do disco Pau-Brasil, na imprensa escrita de circulação estadual, conheci Ney Matogrosso. Estava ele no hotel, depois de tomar seu café da manhã, no dia seguinte (hoje) ao show realizado aqui em Maceió, quando decide abrir o jornal, que estava ali à disposição, e fazer uma leitura. Lá estava eu na capa do Caderno B, o Ney leu a matéria e, curioso (como ele mesmo se descreveu), queria saber quem era aquele indíviduo de ideias antropofágicas ali descrito naquelas páginas. Ele perguntou a Sue Chamusca, produtora do evento de ontem, se ela conhecia Vitor Pirralho. Fui rapidamente acionado por Sue e me apresentei ao recinto para trocar algumas ideias com o Ney e deixar com ele nossos discos, claro. Grande figura. Viva à informação, e à curiosidade!
Impresso. Salve, salve Gutenberg.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

BOM, NA PARTE...

Recentemente, um conhecido, Napoleão, me parou num barzinho para batermos um papo. Sua conversa foi sobre o meu trabalho musical. Diferente de outros elementos, que já citei por aqui, ele me abordou para elogiar minha música e minha performance de palco. Seu trabalho é muito bom, disse Napoleão. Bom, na parte do elogio agradeço. Se quiser viver disso você tem que ir embora de Maceió, disse Napoleão. Bom, na parte trabalhista ele tem razão. Se sua intenção não é viver disso, é só tirar uma onda, chamar atenção dessa galera aqui e de umas menininhas, tudo bem, fique por aqui mesmo, mas se quiser viver disso saia daqui, disse Napoleão. Bom, na parte trabalhista enfatizada, realmente ele tem razão. Se quiser ganhar territórios, vá embora e invada outros lugares, disse Napoleão. Bom, na parte de conquistas territoriais quem pode contrariar Napoleão? Mais uma vez ele tem razão. Se a galera da sua banda não quiser ir com você, vá só, lá você monta outra banda, disse Napoleão. Bom, na parte de ir sozinho, na hora não contrariei, só ouvi, mas fica difícil conquistar o mundo sem um exército. Não tenha medo de passar fome, você vai se garantir, rapidinho você desenrola, disse Napoleão. Bom, na parte da fome, não tenho medo de passar fome, tenho medo de morrer de fome.
A questão aqui simplesmente se desenrola por dois veios, o de sonhar e vê tudo acontecendo na sua imaginação, e o de se projetar para fazer a imaginação realizar-se. Na minha cabeça, Napoleão, tudo que você me falou sobre invasões já está desenhado, como um plano de guerra mesmo, sabe? Todo projeto traçado. Mas as ferramentas para deflagrar tal plano é que me faltam. Sejamos realistas e pensemos numa maneira de atacar e sair vitorioso da batalha, pois ir para territórios já dominados e entrincheirados por outros soldados da música, e conquistar assim facilmente, é um tanto platônico, não acha? Principalmente quando se fala em vencer uma batalha tão grande como essa, sozinho e sem suprimentos. Aí o soldado não consegue nem pensar, quanto mais guerrear. Pescador de ilusões? Talvez seja, mas com certeza soldado da realidade. Afinal, tenho contas a pagar, satisfações a dar, e logo mais uma menina para criar. Se o meu exército quisesse ir para o front comigo, eu até me arriscaria, mas os soldados do meu exército não são só do meu, há outros exércitos mais rentáveis a eles, e como bons sobreviventes de guerra eles se agarram àquilo que os sustenta. Napoleão, como diz um velho soldado amigo nosso, se for para passar mal eu passo em frente ao mar, comendo um peixinho e um camarãozinho.
Faca de dois gumes, tiro pela culatra. É... fazer música é bom, na parte...

Para entupir a cabeça da trupe

Resenha do disco "Pau-Brasil" para um jornal laboratório do Curso de Jornalismo da UFAL, por Victor de Almeida

Se Oswald de Andrade fosse vivo, com certeza, assinaria o Manifesto Pi. Pensado e criado por Vitor Lucas Dias Barbosa, mais conhecido como Vitor Pirralho, o manifesto alagoano e caeté se apóia na idéia do escritor modernista de antropofagia e serve como base para o trabalho do rapper maceioense.
A proposta apresentada em “Devoração Crítica do Legado Universal” (2008) parece mais bem acabada no novo álbum de Pirralho, “Pau-Brasil” (2009). O disco, que foi financiado pelo Projeto Pixinguinha, pode ser considerado uma espécie de trabalho conceitual sobre o índio e seu contato com o português-colonizador. Naturalmente, sem forçar a barra.
Primeiramente, basta reparar o nome das faixas que remetem à temática indígena. Mas não é só o índio que se faz presente na linguagem de Vitor Pirralho, como bom seguidor de Oswald Andrade, o rapper quer é devorar tudo, mas sem deixar de ser tupiniquim. Então, temos a presença do português, do negro africano, da igreja católica e de outros fatores que exerceram influência no período histórico do Brasil colônia.
Em Língua Geral, as rimas se referem à chegada do colonizador e de uma língua comum, geral, relacionando a assimilação cultural ao canibalismo dos índios que habitavam o território. Da mesma maneira, Carne e Aval, Tupi Fusão, Abaporu Self Serve-se, Siga Lá e Extinção Abundante tratam de pontos pertinentes à antropofagia, mistura de raças e línguas.
Não é só mistura de línguas que dá o ‘molho’ no rap do, também professor de literatura, Vitor Pirralho, aspectos culturais como a monogamia, poligamia, censura, preconceito e religião são postos em discussão. Como são os casos de Divórcio, Index, Sinistro, Versos Negros e U.N.I.D.A.D.E.
Polêmicas, protestos, regionalismos, estrangeirismos, universalismos, índios, portugueses, africanos, culturas, religiosidades, antropofagias, raps, reggaes, rocks, beats, digestões e misturas. Tudo isso compõe a Unidade e o discurso de Pirralho.
Caso continue achando que os Manifestos Pi e Antropofágico não façam tanto sentido nos dias de hoje, ouça “Pau-Brasil” e coloque-se no papel de colonizador e de colonizado. Fará todo sentido.