quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sem perder o niver


Seduzido pela ideia que já me tomava há alguns anos, tentei fazer um evento para comemorar o meu aniversário, na data mesmo do aniversário (20/06/2009), era um sábado. Decidi tentar fazer algo quando apareceu uma persona, conhecida das antigas, que disse estar trabalhando na área de eventos e propôs fazer um evento com nossa banda. Falei para ela dessa ideia que me tomava já há algum tempo, ela automaticamente abraçou a causa e disse estar interessada em realizar o evento.
Realizar? Foi o que pensei. Achei que, como de costume, iria chegar ao local e mandar ver junto com a banda. Neste achar-de-costume foi que começou uma sucessão de erros. Primeiro, fazia-se necessária outra atração, pra dar mais caldo à festa. Aciono rapidamente os parceiros da Xique Baratinho, banda que muito me interessa (música e integrantes), por isso convoco esses camaradas. Beleza. Segundo, um evento tem que ter divulgação. O baixista da XB, pelo fato de trabalhar na imprensa (G7) – a mais conceituada do Estado, me deu toda a força para realizar a divulgação do evento. Jornal e televisão. Enquanto a “realizadora” do evento falava em conseguir espaço em algumas rádios. Não se ouviu nada em nenhuma rádio. A divulgação só foi lida e vista através da imprensa citada. Foi lida e vista, também, não posso deixar de citar, no site de um outro parceiro (www.aiegua.com.br), site conceituado em conteúdo cultural alagoano.
Parceiro este que também foi responsável por idealizar a arte do evento e pela discotecagem no dia festa, não só pelo espaço virtual. Seu aniversário é no dia seguinte ao meu. Então vamos comemorar juntos, vamos fazer a festa!
Ok. Até então, com a ajuda desses camaradas, a coisa ia andando. Com a divulgação encaminhada e com a arte na mão, o que estava faltando? Imprimir a arte (cartazes e panfletos) para colocar na rua. “Realizadora”, quem vai bancar essa impressão? Patrocínio, apoio... Desespero! Nada de dinheiro. Bom, como já estava envolvido até o pescoço e a divulgação já circulava pela rede e pelos jornais na cidade, eu banco a impressão. Junto mais três amigos e vou pra rua colar os cartazes e panfletar. Mais uma vez, os parceiros me salvam. E o som da casa? Não tem bateria. Outra vez o meu bolso é acionado. Ligo para um outro parceiro que trabalha com som e consigo a bateria, num precinho camarada, na pechincha (presente de aniversário). A “realizadora” disse que a casa de shows ia colocar na rua um carro de som anunciando o evento e uma placa na frente do estabelecimento com as informações da festa. Não vi carro nem placa. Na verdade, havia uma placa, anunciando um show de pagode a ser realizado no dia seguinte.
Acabaram os problemas? Eles estavam apenas começando. Você deve estar se perguntando: começando? Apesar dos pesares a divulgação não foi realizada? É, foi sim. Mas havia alguns problemas com os músicos. Nosso guitarrista esqueceu que ia trabalhar num outro evento, realizado ali perto, evento junino da prefeitura (concorrer com esse evento, aliás, foi desleal, diria até estúpido – eu ainda avisei, mas a “realizadora” disse que “nossa galera é alternativa, é outra galera”); nosso baixista tinha que tocar no mesmo horário numa outra casa, ali perto; o baterista da XB tinha que tocar em um outro evento junino, bem longe; o guitarrista da XB vinha de Pernambuco pra tocar no nosso evento e no meio do caminho sofre um acidente, ainda bem que não foi nada fatal, a única fatalidade foi que ele não conseguiu chegar.
E agora? Sem guitarra e sem batera não tem como Xique Baratinho tocar. Cancelada, na hora, a apresentação dos caras. Ingressos que custavam R$ 10 têm que ser reduzidos para R$ 5. Só assim justificaria a insatisfação dos poucos ali presentes. Como nós trabalhamos com um aparato eletrônico em nossa música, levamos o som da guitarra e do baixo no computador. Foi o que nos permitiu tocar e salvar, em parte, o evento.
Agora sim, você deve estar pensando, acabaram os problemas. Mas eu tenho que citar o último problema. Pra gente tocar foi necessário convencer o dono do estabelecimento, que perdeu o nível e queria cancelar o evento. Ele disse, de forma até agressiva, que com a quantidade de pessoas presentes não tinha como arcar com o prejuízo (seguranças, equipamento de som, bebidas etc.). Propus que essa parte acertasse com a “realizadora” do evento, que fechou com ele um negócio de risco, ele aceitou fazer o evento por 20% da bilheteria, aliás, única coisa até aqui de concreto por parte dela, fechar o acordo com o estabelecimento onde foi realizada a festa. Diante de situação tão constrangedora ela pergunta ao dono da casa: “o que você propõe?”. Soou até como ironia aquela indagação, mas uma ironia perceptivelmente despreparada. Tomo à frente mais uma vez e proponho que mesmo fora do esperado realizemos o evento. E realizamos. Eu e meus parceiros, eu e minha família.
No final, foi muito legal. Minha mãe levou bolo e velinhas, cantamos parabéns, sorteamos CDs e tatuagem (apoio de mais outro amigo, tatuador que entrou na parceria), ou seja, tudo que estava previsto no script do evento – exceto a apresentação da XB, foi realizado, em respeito a quem se fez presente no dia, amigos e admiradores do som, sem precisar perder o niver.

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