quinta-feira, 30 de julho de 2009

LÍNGUA GERAL

Letra: Vitor Pi

Folclore, cultura, postura popular
Pra manifestar o cerebelo, pra pular
Pedra, inha; planta, cana; água, pi
Naquela árvore não pousa jacuí
Só ara poia aca, Arapiraca
Beirando o moeru-gui-i, Maragogi
Pousam periquitos, voam mosquitos
Nos cílios do Igaci
Cururugi vai chegar, é só seguir o Roteiro
Dom Pero Fernandes achava-se perdido
Em terras da tribo, mero estrangeiro
Programa de índio, um pedaço do peito
Um pedaço do braço eu aceito
Preso e cercado como um peixe no igarapé
Tudo bom, Dom? Eu sou caeté
LÍNGUA GERAL, ARTE REAL
DA CORTE AO CORTE ARTERIAL
LÍNGUA GERAL, ARTERIAL
DA CORTE AO CORTE, ARTE REAL
Pode começar a rezar
Diante do jaciobá
Livrai-nos do mal, saravá
O pai vosso não vai salvar
Salve, selva, salto, solto, saiba sabiá
Urupê, traipu, sucuri, uruçu, maracajá, tracajá
Pra temperar, jurema e urucu
Urupema açu pra peneirar
Quero o Quebrangulo reunido
O jantar vai ser servido
É hora de atacar
LÍNGUA GERAL, ARTE REAL
DA CORTE AO CORTE ARTERIAL
LÍNGUA GERAL, ARTERIAL
DA CORTE AO CORTE, ARTE REAL
Iguaria sem igual, português com sotaque afro-indígena
No Brasil, língua geral, dialeto mascavo, miscigena

Língua geral, assim os colonizadores batizaram a língua que era falada pelos nativos quando aqui aportaram. A maior parte dos indígenas no litoral brasileiro falava o tupi, mas com algumas variações de tribo para tribo à medida que elas geograficamente iam se afastando, chegando a ter vários dialetos e línguas tribais diferentes. Mas o colonizador chamou toda aquela salada linguística de língua geral. Esta letra, além de citar o fatídico episódio da deglutição do bispo Dom Pero Fernandes Sardinha pelos caetés, tenta resgatar algumas expressões desses dialetos misturando-as com a língua portuguesa, trazendo à artéria de nossa linguagem a realeza de nossa arte miscigenada.

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